terça-feira, 8 de junho de 2010

Amigo da dúvida


Amigo da onça, de caminhar leve e felino,
sorrateira, traiçoeira,
de olhar fixo nos meus movimentos,
pra onde ir, o que fazer, vergonha de ser,

Se a um passo me opuser,
lá esta ela pra me instigar,
me maltratar, me machucar,
me desorientar com seu olhar malicioso, gostoso,

O velho do rio me orienta,
a bela pintada está sedenta,
se não pode lutar, deita-te com ela,
beijo suas patas e me faço companheiro,
pois o que é a vida sem centeio?

rusticidade e capacidade de adaptação,
em condições de ambiente menos favoráveis,
de espiga longa e flexível,
darei a onça o que é cabível,

no mudar dos movimentos,
a onça vê um homem,
ereto e virtuoso, um esboço,
do que quer ser um dia, um colosso,

deixo que ela chegue mais perto,
aprendo a entendê-la, a tê-la companheira,
abro a guarda e ela chega ao meu pescoço,
selvagem e impiedosa, como se faz,

ela olha no meu olho,
com paixão e mistério,
de quem espera para se doar,
ao mais nobre do império,

então, sinto sua respiração,
passando pela minha orelha,
não mais ofegante, deslumbrante,
sem pudor, ira ou espinheira,

deitado na cama levanto a cabeça,
levo ao céu cristalino o pensamento,
de criança pura e bonita,
que aponta no carro nuvens de beleza,

seus dentes furam minha pele,
não tenho mais dor, estou leve,
sem escudo nem espada, entregue,
então...ela me lambe! Conquistei a dúvida!

FF.

3 comentários:

  1. eh.. eh uma luta constante nao eh? Bela analogia! Adorei! Beijos, Maria

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  2. Gostei Felipe, mesmo porque é inteligente e não basta ler uma so vez para acompanhar o raciocinio, pelo menos para mim abraços

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  3. BRAVO!!! Eu tambem virei poetisa, publiquei no meu blog e no Scribd, da uma olhada quando puder.
    Amei o seu, belissimo!! Continue fazendo mais!

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