sexta-feira, 4 de junho de 2010

Churrasco e gola

Era uma vez um churrasco...

Como todo bom churrasco --e pra mim já começa por ai, há uma dificuldade mecânica, quase emocional, em acender a bendita churrasqueira. Folha de jornal, pão, álcool (gel e normal) e até gasolina já usei. Mas sempre peço pra alguém acender pra mim. É fácil, dizem os outros. A cada dia eu melhoro, e ela está quase pegando fogo, mesmo que usando o artifício do ventilador que usavamos lá em casa. Não nasci gaúcho, admiro quem sabe fazer um bom churrasco.

Sempre o mesmo contexto, amigos falando de mulher e mulheres falando de amigos. Quem pegou quem, e quem quer pegar quem. Só observo e tento tirar proveito, além das gargalhadas.

Eis que surgem os mais bizarros tópicos. O primeiro foi "a gola".

Churrasco só com macho é fogo. Tem que ter um colírio, aquele cheirinho de Carolina Herrera 212 que ela deixa quando balança o cabelo. Telefonemas e mais telefonemas. Surgem elas, para delírio juvenil, de quem vê como a maminha na grelha, as "novinhas" chegando na casa. E é claro, ao lado delas, o negão, de camisa rosa bêbe, que não dá um só pio a noite inteira. Nem quando eu ofereci uma linguicinha no capricho.

- Pow "bró"(falado de maneira desleixada, tem significado de "brother", gíria usada pela nova playboyzada zona sul), aquele maluco é viado. Te garanto!
- Mas, por quê?
- Bró, tu viu a gola do maluco? Perfeita lek! Impecável! Acho que tem goma naquela "pomba". Do jeito que ela tava caindo assim pra trás...formato em 'V' mesmo. Não tem como. Ninguém consegue uma gola dessa, lek. Eu nunca sai assim.
- Cara, ia te falar a mesma coisa, ai. O maluco tava sinsitro, mermo! E não falou nada, entrou e saiu, do nada ai...

Esse cara é um sábio --penso com meus botões, que se anula, e é influente, não faz sua presença notada e é lembrado. Será que ele usa mais de 10% da capacidade mental? Tem gente que deve usar. Não é por que eu não uso que outra pessoa não pode usar, né? Guardei como lição!

- Bró, e te digo mais, ele não falou nada, respondeu acenando com a mão, em zing-zang, duas vezes pra cada lado.
- Tô te falando! Dois mais dois...quatro, ele gosta de ficar de quatro --diz o outro playboy com piercing de argola na boca.
- E maluco, vou te falar mais, e a manga da camisa dele? Cumpadi, mi-li-mééétricamente dobrada, em ambos os lados.

A verdade é que ele viu isso tudo e ainda reparou na loirinha que era --vi depois que nos encontramos na balada, uma delícia e surpresa. Além é claro, da morena que na minha opinião, foi a eleita da noite --rostinho angelical. Crina negra, puro sangue. Daquelas que sempre usaram o shampoo mais caro que o dinheiro pode comprar. Em natureza, como o corcel negro, guardava um certo instinto selvagem que esperava ser descoberto.

- Também concordo, lek. Tava demais, o cara não falou nada que era pra gente não escutar a voz dele, que devia ser fina que nem a do Vanderlei Silva e a do Mike Tyson. Agora tu vê! Pow! Um negão fortão, deve ter uma voz fininha. Nada a ver! É gay, decretei!

O segundo tópico é "o churrasqueiro".


O churrasco continua e toma-lhe cerveja! Mais uma caixa. Vou em casa, ao lado, pra pegar mais carvão - que não acho! Enquanto isso 'Frodo' fica responsável pela carne. Não adianta, sempre surgem os mais engraçados apelidos nessas rodinhas de churrasco. Que na primeira leva, na minha ausência, vem uma delícia e todos me dizem o mesmo. Então espero a segunda leva dos Senhor dos anéis, com mágica e tudo pra ficar bom, se assim ele o fizer. --Tô com fome.

Vém a peça, mugindo e se estribuchando em cima da tábua.

- E ai pessoal, vocês gostam de mal passada, né?
- Claro, manda ver. É...tá mal passada mesmo.
- Mas churarsco é assim, tem que ter sangue, né?
- Tudo bem, mas assim parece que você matou a coitada ali na esquina e trouxe.

Cheio de fome eu como. Tava 'até' gostosa --também na fome, qualquer coisa presta!

- Até 3 bum, sacaneavam meu primo. Ele chegou numa menina que era gata-diziam. Rosto bonito, com dois melões macios, mais o terceiro bum que era a barriga. Aquela que puxa o top pra cima.

- Ó! Ai não, eu não peguei!
- Você não pegou por que ela não quis. Por que tu chegou!

Sacanagem com meu primo, ele começa a rir e todos acompanham.

Mas eu faço um pedido ao Frodo: Pode deixar mais um pouquinnho na grelha, cujo fogo pegou, amém!? Uns 20 minutos, mais ou menos.

- Ué, você não gostou não?

Claro! Que mentira. Faço gestos de vômito. E todos riem do Frodo. Mas também, ser churrasqueiro é uma arte milenar, igual a do halls preto. Tem que saber fazer! Aprendi o jeito de cortar a linguiça em diagonal, fica até mais bonita e maior. Enfim, coisas que um homem de 31 anos se atreve a colocar num blog, sem o minímo pudor ou preocupação das consequências virtuais que um comentário desse possa gerar.

Na balada, a primeira coisa que eu fiz foi mostrar a gola ao perceiro. E tava amarrotada hein? A do negão, impecável! Não se modificava por que ele dançava com a loirinha sem chamar na xincha! Devia ser 'amiga'. E como toda amiga, não queria estragar o figurino.

Nossa, quanta ignorância! Nêgo, te respeito. Seja quem você quiser ser, com gola ou sem gola! O negócio e ser feliz e contar história.

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