quinta-feira, 29 de julho de 2010

Som

Se tuas asas fizessem som,
seriam doces penas brancas,
suavidade no imenso azul,
sopro do belo, do blue,

Som de mãe é a melhor coisa,
de filho que te chama,
de pai que te encanta,
de amor de amigo, te levanta,

Sensível é teu silêncio,
quietude da montanha,
te contemplo junto ao vento,
ao pé do ouvido, relembro,

Som do "meu amor" que faz bem,
samba da raiz do meu melhor,
que alcancemos o céu,
com cadência tirar teu véu,

que som tem as nuvens?
que som tem Deus?
meu primeiro instinto,
é a natureza o divino,

quente, efervescente,
melodia adjacente,
do teu sorriso,
tua gargalhada contente,

o som do sentimento maior,
é leve, forte ou sereno?
não sei, só sei que liberta,
de tudo e de todos, minha descoberta,

gosto de ti, som,
nos anjos sopranos,
na voz feminina que acalma,
cala meus lábios, me abraça,

Envolvente dom é água,
é bolha de sabão,
brincadeira de criança,
e eu, adulto, por que não?

cascata de ondas e ritmo,
me faz feliz ao te apreciar,
brilha minh`alma,
acaba, e me deixa no ar...

sexta-feira, 2 de julho de 2010

O ego e o mar

De javu de busca já tive,
esqueci alguma coisa, não lembro,
talvez perdi ou deixei,
meus sentimentos alienei,

de tanto planejar me cansei,
pra ser alfa ou beta,
agressivo ou romântico,
nos dois polos desse cântico,

tarde de sol, de forte areia branca,
deitado na calçada sem relógio,
pra desapegar do tempo que deixei,
ou do presente que ainda não ganhei,

olho pro teu espelho e vejo,
meu rosto com muito zelo,
imenso e sábio pra entender,
o por quê do meu querer ser,

de força arredia, extremista,
ego malvado, líder nato,
escalibur de desejo, corte afiado,
não tem medo, muito menos educado,

complexo, sem nexo, sou no mar,
no meu próprio pensar,
não me maltrato, apenas escuto,
o eco do meu coração, na concha de platão,

de todos animais selvagens,
o homem jovem é o mais difícil de domar,
já tentei, me debrucei e rolei,
agarrei teu pescoço, mas cansei,

Ressaca de verão, ímpeto cruel,
tu explodes na rocha das memórias,
na inquietude da imaginação,
para e escuta o mar...teu "eu" na imensidão!

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Dois corpos

Extensão do meu peito,
mover leve, baila comigo,
pássaro que brinca no ar,
eu quero voar contigo,

pelo vento amigo,
tocar o algodão do céu,
e de lá não descer, permanecer,
nos teus lábios de mel,

como pode teu quadril encaixar,
relaxar, no meu se encontrar,
como no balanço do barco,
me levar a outro lugar,

minha flor, pureza,
vou te guiar pelas correntes,
trilhas da minha mente,
juntos, eu e você, pra sempre,

desvendar, me procurar,
me perder, teu olhar,
me encontrar, te exaltar,
contigo viver o amanhecer,

equilibra teu caminhar,
pra ir junto do meu passo,
pois sou teu rei, te levo,
pra que esperar, vamos dançar,

sem vela, nem preza,
mas inteiro, no cheiro,
no gosto que tu gosta,
da minha boca serenata,

de amor, por ti, serei,
teu norte, tua sorte,
amigo-amante, sutil
fortaleza, guloso, viril,

se entrega de vez,
toda, agora, minha,
de qualquer forma,
teus segredos talvez,

quando te domo pela crina,
fina, que amarro na mão,
voz gostosa, teu sussurro,
no fim -- Ai, não para não,

transborda e treme, meu uivo,
abraço gostoso, teu rosto e carinho,
dois corpos,
um gozo!

sábado, 19 de junho de 2010

Dor de poesia

Dor nos versos, que mal saem da minha boca,
sem o prazer da manhã de ontem,
Por que bates a minha porta se não te chamei?
da onde veio, que permissão eu lhe dei?

Tu silencias minhas ideias a pesa no meu pescoço,
enlouquecida, egoísta, range os dentes
pede atenção incondicional que não nego,
bruta tu eleges, pela tua cartilha,

--companheira do meu melhor,
isso é pretexto que agora entendo,
e aceito como nobre cavaleiro,
suavizando os mesmos versos, prometo,

presente de grego, relembro,
do que pensei e fiz,
pra então mudar, reeditar,
graças a tua ajuda, me libertar!

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Ser ecologista

Já foi o tempo que ser ecologista era ser taxado de diferente, de estranho. No começo do desenvolvimento do PV no Brasil, Sirks e Gabeira eram vistos como estranhos, ou diria agora, gênios. A política nacional ainda intoxicada e sem esperança de sair do trauma da ditadura e ciclo vicioso de uma direita medonha e populista, começa a enxergar a luz no horizonte e deposita no PT a esperança já tão maltratada pelo tempo.

A agenda vem mudando de figura depois de então, desmatamento acelerado, escassez de recursos hídricos, falta de energia e inúmeros acidentes naturais depois, o homem standard mundial começa a “querer parar” pra pensar no amanhã. Hoje em dia tudo que é estranho a um desenvolvimento sustentável é taxado de diferente. Já vimos que se esse ritmo de consumo material e de crédito desenfreado continuar, ficará ainda mais difícil de recuperar, ou diria impossível. A bolha imobiliária nos EUA e a crise na Grécia são apenas indícios de que o sistema atual está falido, ou na verdade beneficia poucos.

A força integradora da América do Sul nada mais é do que a Amazônia, o que realmente é o ponto comum entre quase todos nós. Ser pró Amazônia é ser inteligente e estratégico. O compromisso comum é de preservá-la e desenvolve-la. Assim também é o compromisso do Brasileiro, de incentivar e promover a biodiversidade, não só no campo material, mas também no campo de ideias, sustentáveis e de iniciativas concretamente verdes, pró libertação do sistema.

A consciência humana está sofrendo uma virada de rumo que não se via desde que foi inventado o fogo. Temos que parar de consumir tanto e redesenhar nossa linha de montagem. Isso significa ser menos teimoso e mais inteligente. Uma vez que sabemos o que é certo fica difícil fazer o errado, mesmo que signifique cortar a própria carne. E o ser humano se vê literalmente nesse paradigma, se desfazendo do que um dia lhe serviu e vestindo uma nova roupagem, que lhe servirá para os anos por vir. É preciso mudar. Essa palavra tão difícil hoje em dia, parece um palavrão entre os egos inchados.

A Terra não vai acabar, mas as mudanças climáticas ou espirituais, não irão deixar de escolher as nações a serem afetadas. É preciso encarar essa nova fase como muito mais que material. A questão é pura e simplesmente filosófica, ter menos para que outrem possa ter -- não digo nem mais, apenas ter. Pensar no outro é pensar em si, “ajudar o outro é ajudar a si mesmo”. Essa frase nunca teve tanto sentido num mundo sistemicamente integrado onde governos e bancos se equilibram entre o dever de ajudar e o autoflagelo. Tudo as custas do contribuinte que paga a conta sem nem ter consciência disso.

Consciência é ter uma visão clara do tempo em que vivemos. Aquém do que podemos pensar sobre a verdade, que é sempre construída pelo tempo. A consciência luta constantemente contra o ego, que é envaidecido pelo tempo. Esse tempo...esses dois, consciência e ego, coabitam o mesmo lugar, em nossa mente, mas sempre um deve prevalecer e o ego é quem se faz cortez, para sofrimento e loucura geral.
Cortesia e ecologia. Ser ecologista deixou de ser taxado como vagabundo, maconheiro ou bicho solto. Olha lá aquele cara, --tá viajando, deve ser ecologista, na certa. Mas esse bicho, graças aos gênios, tiveram cria, e mais crias. E a consciência se fez ouvida. Na verdade, a consciência e espiritualidade de uma pessoa são muito mais densas que um mero comentário pode explicar. Extremamente contraditório e intenso que um pincel não pode deslizar ou poesia pode recitar.

A história de Marina Silva faz parte dessa ala tão ignorada pela direita populista quanto pelo PT governo –bem diferente do PT oposição. Como a mensagem que é passada ao resto do mundo, essa jovem democracia, passou por vários testes, beijou a morte e trilha hoje o caminho da vitória. Uma ideologia de transição lapidada pelo esforço de uma seringueira, estratégica, capaz da integração da Amazônia como aliado do Brasil e base argumentativa da soberania da América do Sul.

Ser ecologista é começar a entender que estamos sobre o mesmo teto, que não existem barreiras para o vento nem para as águas, que o morro que desaba aqui produz a mesma matemática na China. Ser ecologista é ser altruísta, benevolente, depois de valente, é estar perto, em todos os lugares, é estar junto, só por que na verdade estamos. Então, por que nossos corações ainda estão tão longe?

O tempo de ser ecologista chegou e não há nada mais forte que uma ideia cujo tempo chegou.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Cabofriense por paixão!


Cabo Frio, minha terra amada,
Tu és dotada de belezas mil,
Escondida vives num recanto,
Sob o manto deste meu Brasil...

Noites Claras teu luar famoso,
Este luar que viu meus ancestrais...
O teu povo se orgulha tanto,
E de ti, não esquecerá jamais...

Tuas praias, Teu Forte,
Olho ao longe e vejo o mar bravio
A esquerda um pescador afoito,
Na lagoa que parece um rio...

O teu sol, que beleza!
No teu céu estrelas brilham mais...
Forasteiro, não há forasteiro,
Pois nesta terra todos são iguais...

Hino é cântico, é alegria, que passa em versos a emoção do poeta, do meu pensamento enquanto sento na parede do Forte São Matheus e vejo com olhar Português, o devaneio de avistar o paraíso, a nau mais perto da virgem salina. Sim, vim com a fragata, pois sou Figueira, da Foz, do começo, da Ilha da Madeira --que visão divina --que areia é essa! No tom sur tom da tua roupa azul turquesa, que beleza, me intrelaço nos teus laços de folhagem lisa, na brisa fria, a cabo do teu acaso.

Quem vem a Cabo Frio não se esquece jamais, das tuas mil facetas, cores e veredas. De deixar homem louco, pra largar tudo e abraçar o paraíso, sem dó, sem pudor, sem medo, sem conceito de risco. Só pra poder pescar, com isca de humildade, e anzol de sacrifício, o peixe dourado da paz, de espírito. Saboreia o gosto de fazer, no lugar que escolheu. Dádiva maior não almejo. Pois aqui é terra de poeta, música e história, não se apaga, aqui transborda.

Eu adoro chuva em Cabo Frio, apagão então, espero com emoção, pois assim eu vejo as estrelas mais brilhantes do céu a ponta dos meus dedos tocar, como se mais perto dos meus sonhos eu pudesse ficar.

Forasteiro, aqui não há, pois somos brasileiros, Portugueses, índios e negros, como o Figueira que é Imperial, avó ìndia laçada e avô mulato truncudo, do beiço roxo, carnudo. Na verdade somos muito mais, amarelos, belgas, burgueses e por ai vai...

O que nos faz Cabofrienses é a opção, é o desespero e a ânsia de fazer parte, de desfrutar ainda mais do que Deus nos deu, o que o pescador mereceu, provocação que tuas paisagens me fazem, de amar um lugar e fazer parte dele, ser acolhido pela família ou pelo cobertor anil, um céu de deleite nessa noite fria. Me ilumina pelo brilho das tuas estrelas ou pelo calor do sol me aquece o corpo e bronzeia aquela pele salgada, imprime tua marca de Brasilidade, na abundancia, te revelas, formosa na tua imensidão.

Cabo Frio, mais que opção, eu te amo é de paixão!

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Andrea

Escrever é preciso, assim como navegar,
Que Deus te ilumine -na verdade continue,
que você tenha paciência,
muita complacência, nesse desenrolar

pois sim, um pouco de displicência,
pois ninguém é de ferro,
é sim, você, brasileira,
do tamborim que solta o quadril,
sem medo do vil, do vão...
desejo de ser feliz,
loucura desse Brasilzão,

solta teus cabelos,
teus desejos, entrega teus medos,
bota saia rodada iáiá,
e vem pro samba sambar,

pois é copa, é Brasil,
é você aqui, índia,
jambo de São Paulo,
bandeirante imponente,
mulher guerreira,
amazona carente,

do meu som, do meu olhar,
pois sou Brasil,
de cores e flores,
de dotes e fortes como tu,

que chamo ao regresso,
e penso, num verso,
saborear o que no tio Sam não há,
pois sabiá lá, não achará,

tu tens minha pele e sorriso,
alma sorridente,
baila comigo ardente,
pois no peito terás,

o meu desejo do braço forte,
do filho que luta contra morte,
que não foje a labuta,
que não resmunga, batuta,

seja bem-vinda ao teu pranto,
ao pensar dos teus pensares,
da selva de pedra te afastei,
pois a ti missão eu dei,

do teu esforço fiz lágrima,
e tua prece sussurada,
fez vontade, pois já é tarde
de voltar a tua terra AMADA!

terça-feira, 8 de junho de 2010

Amigo da dúvida


Amigo da onça, de caminhar leve e felino,
sorrateira, traiçoeira,
de olhar fixo nos meus movimentos,
pra onde ir, o que fazer, vergonha de ser,

Se a um passo me opuser,
lá esta ela pra me instigar,
me maltratar, me machucar,
me desorientar com seu olhar malicioso, gostoso,

O velho do rio me orienta,
a bela pintada está sedenta,
se não pode lutar, deita-te com ela,
beijo suas patas e me faço companheiro,
pois o que é a vida sem centeio?

rusticidade e capacidade de adaptação,
em condições de ambiente menos favoráveis,
de espiga longa e flexível,
darei a onça o que é cabível,

no mudar dos movimentos,
a onça vê um homem,
ereto e virtuoso, um esboço,
do que quer ser um dia, um colosso,

deixo que ela chegue mais perto,
aprendo a entendê-la, a tê-la companheira,
abro a guarda e ela chega ao meu pescoço,
selvagem e impiedosa, como se faz,

ela olha no meu olho,
com paixão e mistério,
de quem espera para se doar,
ao mais nobre do império,

então, sinto sua respiração,
passando pela minha orelha,
não mais ofegante, deslumbrante,
sem pudor, ira ou espinheira,

deitado na cama levanto a cabeça,
levo ao céu cristalino o pensamento,
de criança pura e bonita,
que aponta no carro nuvens de beleza,

seus dentes furam minha pele,
não tenho mais dor, estou leve,
sem escudo nem espada, entregue,
então...ela me lambe! Conquistei a dúvida!

FF.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Compromisso com a inteligência


Compromisso com a ação inteligente é o lema! Temos posse de recursos ilimitados (disse ilimitados sim!) para a nossa sobrevivência. Desperdiçamos o tesouro sem dar seu devido valor. Consumimos muito mais do que precisamos, guardamos no armário e deixamos apodrecer.

No mundo de hoje temos muita alegria e emoção, que são imprescindiveis a luta e ao progresso como fonte de energia, mas falta a inteligência. Não essa do sentido genérico, mas a de conteúdo mais profundo --inteligência de perceber que eu ganho mais quando o ganho é coletivo.

Falta a administração pública, no sentido genêrico e em âmbito mundial, que a inteligência faça parte de qualquer slogan, contexto ou ação pública. Temos vários exemplos de ignorância a essa regra fundamental. Há necessidade de capacitação, estudo de técnicas de gestão de pessoas e recursos, que sejam realmente aplicados. É pelo emprego de tecnologia e respeito as tradições locais que o progresso pode se aliar a preservação ambiental, pois os dois não são autoexcludentes --vide Japão! Esse tempo já é passado. Devemos enxergar que a coexistência e inclusão são fundamentais para o nosso futuro.

Por alegria e emoção eu desmato, destruo e desrespeito a mãe natureza, que é a inteligência de todo bioma, de todo ser, na coexistencia pacífica do homem e seu ambiente, nossa casa, o mundo.

A inteligência aliada a emoção e alegria move montanhas, rompe barreiras e mata a sede do povo, de se sentir ouvido e respeitado, na dignidade de se sentir homem.

Churrasco e gola

Era uma vez um churrasco...

Como todo bom churrasco --e pra mim já começa por ai, há uma dificuldade mecânica, quase emocional, em acender a bendita churrasqueira. Folha de jornal, pão, álcool (gel e normal) e até gasolina já usei. Mas sempre peço pra alguém acender pra mim. É fácil, dizem os outros. A cada dia eu melhoro, e ela está quase pegando fogo, mesmo que usando o artifício do ventilador que usavamos lá em casa. Não nasci gaúcho, admiro quem sabe fazer um bom churrasco.

Sempre o mesmo contexto, amigos falando de mulher e mulheres falando de amigos. Quem pegou quem, e quem quer pegar quem. Só observo e tento tirar proveito, além das gargalhadas.

Eis que surgem os mais bizarros tópicos. O primeiro foi "a gola".

Churrasco só com macho é fogo. Tem que ter um colírio, aquele cheirinho de Carolina Herrera 212 que ela deixa quando balança o cabelo. Telefonemas e mais telefonemas. Surgem elas, para delírio juvenil, de quem vê como a maminha na grelha, as "novinhas" chegando na casa. E é claro, ao lado delas, o negão, de camisa rosa bêbe, que não dá um só pio a noite inteira. Nem quando eu ofereci uma linguicinha no capricho.

- Pow "bró"(falado de maneira desleixada, tem significado de "brother", gíria usada pela nova playboyzada zona sul), aquele maluco é viado. Te garanto!
- Mas, por quê?
- Bró, tu viu a gola do maluco? Perfeita lek! Impecável! Acho que tem goma naquela "pomba". Do jeito que ela tava caindo assim pra trás...formato em 'V' mesmo. Não tem como. Ninguém consegue uma gola dessa, lek. Eu nunca sai assim.
- Cara, ia te falar a mesma coisa, ai. O maluco tava sinsitro, mermo! E não falou nada, entrou e saiu, do nada ai...

Esse cara é um sábio --penso com meus botões, que se anula, e é influente, não faz sua presença notada e é lembrado. Será que ele usa mais de 10% da capacidade mental? Tem gente que deve usar. Não é por que eu não uso que outra pessoa não pode usar, né? Guardei como lição!

- Bró, e te digo mais, ele não falou nada, respondeu acenando com a mão, em zing-zang, duas vezes pra cada lado.
- Tô te falando! Dois mais dois...quatro, ele gosta de ficar de quatro --diz o outro playboy com piercing de argola na boca.
- E maluco, vou te falar mais, e a manga da camisa dele? Cumpadi, mi-li-mééétricamente dobrada, em ambos os lados.

A verdade é que ele viu isso tudo e ainda reparou na loirinha que era --vi depois que nos encontramos na balada, uma delícia e surpresa. Além é claro, da morena que na minha opinião, foi a eleita da noite --rostinho angelical. Crina negra, puro sangue. Daquelas que sempre usaram o shampoo mais caro que o dinheiro pode comprar. Em natureza, como o corcel negro, guardava um certo instinto selvagem que esperava ser descoberto.

- Também concordo, lek. Tava demais, o cara não falou nada que era pra gente não escutar a voz dele, que devia ser fina que nem a do Vanderlei Silva e a do Mike Tyson. Agora tu vê! Pow! Um negão fortão, deve ter uma voz fininha. Nada a ver! É gay, decretei!

O segundo tópico é "o churrasqueiro".


O churrasco continua e toma-lhe cerveja! Mais uma caixa. Vou em casa, ao lado, pra pegar mais carvão - que não acho! Enquanto isso 'Frodo' fica responsável pela carne. Não adianta, sempre surgem os mais engraçados apelidos nessas rodinhas de churrasco. Que na primeira leva, na minha ausência, vem uma delícia e todos me dizem o mesmo. Então espero a segunda leva dos Senhor dos anéis, com mágica e tudo pra ficar bom, se assim ele o fizer. --Tô com fome.

Vém a peça, mugindo e se estribuchando em cima da tábua.

- E ai pessoal, vocês gostam de mal passada, né?
- Claro, manda ver. É...tá mal passada mesmo.
- Mas churarsco é assim, tem que ter sangue, né?
- Tudo bem, mas assim parece que você matou a coitada ali na esquina e trouxe.

Cheio de fome eu como. Tava 'até' gostosa --também na fome, qualquer coisa presta!

- Até 3 bum, sacaneavam meu primo. Ele chegou numa menina que era gata-diziam. Rosto bonito, com dois melões macios, mais o terceiro bum que era a barriga. Aquela que puxa o top pra cima.

- Ó! Ai não, eu não peguei!
- Você não pegou por que ela não quis. Por que tu chegou!

Sacanagem com meu primo, ele começa a rir e todos acompanham.

Mas eu faço um pedido ao Frodo: Pode deixar mais um pouquinnho na grelha, cujo fogo pegou, amém!? Uns 20 minutos, mais ou menos.

- Ué, você não gostou não?

Claro! Que mentira. Faço gestos de vômito. E todos riem do Frodo. Mas também, ser churrasqueiro é uma arte milenar, igual a do halls preto. Tem que saber fazer! Aprendi o jeito de cortar a linguiça em diagonal, fica até mais bonita e maior. Enfim, coisas que um homem de 31 anos se atreve a colocar num blog, sem o minímo pudor ou preocupação das consequências virtuais que um comentário desse possa gerar.

Na balada, a primeira coisa que eu fiz foi mostrar a gola ao perceiro. E tava amarrotada hein? A do negão, impecável! Não se modificava por que ele dançava com a loirinha sem chamar na xincha! Devia ser 'amiga'. E como toda amiga, não queria estragar o figurino.

Nossa, quanta ignorância! Nêgo, te respeito. Seja quem você quiser ser, com gola ou sem gola! O negócio e ser feliz e contar história.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Soneto de Camões


Sete anos de pastor Jacob servia
Labão, pai de Raquel, serrana bela;
Mas não servia ao pai, servia a ela,
E a ela só por prémio pretendia.

Os dias, na esperança de um só dia,
Passava, contentando-se com vê-la;
Porém o pai, usando de cautela,
Em lugar de Raquel lhe dava Lia.

Vendo o triste pastor que com enganos
Lhe fora assim negada a sua pastora,
Como se a não tivera merecida,

Começa de servir outros sete anos,
Dizendo: — Mais servira, se não fora
Para tão longo amor tão curta a vida!

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Amor e vinho


Para o meu amor,

Eu escrevo esta carta para colocar meus pensamentos dentro dessa garrafa de vinho. Infelizmente, eu tenho tantos pensamentos que eu acho que eles não vão caber. Mas estes poucos eu faço questão, para que você seja capaz de ver através do meu peito, que não é transparente como o vidro da garrafa, mas que como uma, contém o mais doce vinho.

Meu amor, que o tempo leve esta garrafa as suas mãos e que você saiba que como uma garrafa, eu me sinto boiando sem você, estou sedento para matar a sede dos teus desejos mais íntimos, para te alimentar, para saborear tua boca com a felicidade e vida dentro de mim.

Eu viajei por muitos oceanos e vi muitas coisas, mas ser aberto por você é o que eu mais quero. Por muitas tempestades eu passei e brisas leves eu senti, montanhas gloriosas e pores-do-sol eu contemplei...mas nada se compara a esquentar tuas mãos com as minhas, e aquecer teu corpo com o meu conteúdo de complexidades, sabores e buquês. Ser degustado por você é o que eu mais quero.

Nossa intimidade vai além do meu efeito no seu pequeno e delicado corpo. Sinto saudade de fazer seus lindos olhos mais brilhantes e o seu corpo relaxado enquanto eu massageio suas costas.

Quando você achar esta carta, meu amor, saiba que eu te amo tanto... e ainda, que foi muito difícil te deixar, te ver chorar enquanto você se distanciava.

Voltando ao presente, eu não sei como você vai estar quando abrir esta rolha. O que me faz feliz hoje como no dia em que eu te encontrar de novo, é ter te conhecido, ter sido seu amigo, ter estado com você nos bons e maus momentos, quando estávamos juntos, melhores amigos, amantes e companheiros.

Saiba meu amor, que não houve um dia em que eu não tenha pensado em você com o meu mais puro sentimento. Eu rezei pela sua felicidade a noite, e de dia para que o dia do nosso reencontro chegasse.

Que Deus sopre os ventos, mova os oceanos e controle as ondas para me guiarem as suas mãos novamente, por que eu não controlo a natureza e muito menos meu coração.
Eu te amo e sempre amarei J. . Eu te amo tanto meu amor...e eu estou muito feliz em te ver de novo aqui nessa praia.

Para sempre e verdadeiramente seu,
FF.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

De nós dois

Nada mais justo do que ter esse nome, "dos prazeres". É importante ficar íntimo da voz feminina, ainda mais desse jeito...gosto muito!


DE NÓS DOIS (Jacqueline dos Prazeres/NH)

Hoje ficaria colado em ti,
Esperando o tempo passar
E no nosso silêncio faríamos amor por pensamento.

Quero a sua boca colada na minha
E sentir ao mesmo tempo o seu coração colado no meu peito.
Seu peito quente colado ao meu
E você me apertando contra a parede.
Possuindo-me de uma forma única como se fosse a nossa última vez.

Quero sentir seus cabelos entre os meus dedos,
Quero sentir seu corpo tremendo desejando ser possuída,
Escutar seu gemido no meu ouvido,
Quero desenhar seu corpo com as minhas mãos.

Quero que a luz da lua ilumine seus olhos.
Sinto suas mãos em mim.
Escuto você sussurrando de prazer ao me possuir.
Sinto a sua boca passeando em minha nuca.
E suas mãos segurando meus seios.
Seus dedos percorrem meu sexo,
E não me contenho de prazer.

Tento me soltar e ir embora, mas o desejo fala mais forte e me entrego a ti.
Dispo-me de pudores e deixo você me possuir,
Sua boca passeia no meu sexo e eu trêmula, solto gemidos de prazer.
Permito que me descubras e permito que sintas os mais guardados segredos que existentes em mim.

Sinto você dentro de mim,
Sua mão no meu quadril
E sem pudor você me possui como o mais normal dos normais.

Seu lado animal aflora
E vejo em seus olhos o seu lado lobo uivar de prazer.
Sinta, cheire, pegue, possua
Você é meu homem.

Realizo-me e faço tudo para você e por você.
Veja-me sem pudores e me possua com amores.
Quero tê-lo dentro de mim.
Você urra ao sentir que meu corpo não para,
E no sincronismo dos nossos corpos você geme, arranha, morde, agarra,
Querendo arrancar minha pele como seu eu fosse parar.
Você xinga, morde e pergunta... “Quem é você?”
E eu te respondo... ”Sou o amor que você procura no tempo e no vento”.

Sinta seu rosto preso na parede,
E minhas mãos puxando a sua cintura,
Conduzido num ritmo forte e intenso.
Vejo seu suor escorrendo em suas costas.
Como é bom ouvir seus gemidos
E é inevitável não usar a força a cada gemido seu.

Possua-me de todas as formas,
De todos os modos
E de todos os amores.
Sou sua.
Sou fêmea.
Sou loba.
Sou gata.

Me arrasto ate você suplicando seu desejo
E em troca tenho o mais gentil dos cavalheiros ao possuir uma mulher.
Permita-se e se entregue.
Deixe aflorar seus instintos
E revele os seus desejos em mim.
Desenhe a sua marca na minha alma ,
Para quando for embora eu lembrar sempre de ti.

sábado, 8 de maio de 2010

Quem faz nosso limite somos nós!

O que é isso que nos para? Por que nos para? A resposta não está distante do nosso alcance. Basta analisar como se tivessemos um alter ego. Esse mesmo, que nem o do super homem no mundo paralelo. O que critica quando afrouxamos. Guerra de sexos, o divino e o profano, o ying e o yang. Na verdade somos mais poderosos do que jamais sonhamos. Nossa luz é tão forte...responsável por nos guiar e atrair as pessoas que precisamos para nosso desenvolvimento --o que basicamente gera as mudanças na sociedade. Uma pessoa ensina mais uma, e mais uma...assim seremos um TODO melhor.

Toda vez que eu me sinto cansado, eu tento me conectar com essa força que ao contrário do que se pensa, está dentro de mim, sempre esteve. E não para o meu espanto, eu me ergo e avanço. Mais e mais, a cada dia! As coisas ficam "mais claras e fartas, repletas de toda satisfação, que se tem direito, do firmamento ao chão", como diria Lulu Santos. Cabe a nós mudarmos a nós mesmos. O mal só existe para equilibrar o mundo, pois somos crianças bobas que ainda não aprenderam o jogo. Ainda bem que temos esse tempo para errar, e esse é o nosso limite verdadeiro. Até uma nova era de tamanha luz em que não haverão mais erros. Já estaremos treinados e prontos.

Mas, já que eu estou aqui, procuro fazer meu melhor, cada vez, mais e mais, porque no fundo, se não for assim a vida não tem graça, e não serei o autor da minha própria história! O teatro da vida precisa de um regente. Assim, vou poder falar sobre os obstáculos que venci e dos desafios que superei!

A beleza está em construir, em criar, em mudar a mim mesmo, em acreditar nessa força, que cala o ego, rompe barreiras e chega mais próximo do apogeu!

Limites? Sou eu quem determino!

sábado, 1 de maio de 2010

AVATARismo

Tudo bem que queremos o que é belo, ou bela - no meu caso ;), a abundância e a paz. Sendo isso o que queremos, devemos buscar com todas nossas forças, certo? Mas até onde vai essa busca? Passamos por cima do outro e não o vemos.

No filme AVATAR, de James Cameron, a moral da história está no clipe da maravilhosa Leona Lewis - I see you. Em Português: Eu vejo você. Eu reconheço você como um ser. Eu tenho que olhar dentro de você e ver o mundo pelos seus olhos -- poético. No filme a heroína (Neytiri) fica angustiada por ter que matar outros seres, para defender Jake Sully, e ao fazê-lo, executa os cachorros futurísticos, com respeito beirando o milenar japônes. Afinal, é com a mesma ignorância que nos matamos no trânsito ou nos bares, por motivos banais e sem respeito, muito menos razão. O filme é uma analogia sobre como devemos fazer para manter o equilíbrio da natureza. Devemos matar para nos alimentar e fazê-lo com respeito a mãe natureza, Eywa.

Essa sede desordenada é que está acabando com nosso habitat. Nosso descontrole emocional é mostrado por Jake, um moleque, que não tem a mínima ideia sobre o que está acontecendo, ele vai dando cabeçada e não "vê" que o bioma é mais importante que seu próprio umbigo.

É um contrasenso. Se eu quero um mundo mais igual, será que devo contribuir para essa diferença escalar? Tenho que parar de dar cabeçada e olhar a natureza, olhar pelos olhos dela. Sair da minha zona de conforto e entender que existe algo maior do que meu consumismo, bôbo e fútil --como demostrado no filme. Aprendi que a natureza é como a mulher, indefesa porém vingativa! E por esta, impiedosa!

Os mecanismos de controle da atualidade passam necessariamente pelo consumismo. As companhias são maiores e tem mais poder do que os países e o maior poder que podemos exercer na atualidade é o de compra, não o voto. Viramos outdoors ambulantes. Pare pra pensar e veja em suas roupas, que inocentemente você mostra ou ostenta para a classe "menos favorecida", ou seria mais inteligente? Esqueci, não conhecemos outra classe muito menos a VEMOS ou respeitamos. Ver, enxergar, se por no lugar --por que é tão dificil?

O problema é que só temos esse planeta. E temos que aprender a viver dentro dele, com nossas diferenças e tudo. Do que adianta ter se eu sou um prisioneiro. Temos as coisas por que merecemos, por que Deus nos deu, não vou reclamar. Mas apartir daí, o que vamos fazer com o que temos é escolha nossa. Eu posso ter mais que o outro, mas também tenho que fazer algo para diminuir essa diferença, pois senão não vou conseguir ter, nem ser, muito menos com a bela, a abundância ou a paz que eu quero!

Para ilustrar, a arte de Bianco Bebici:







O cara mesmo foi Chico Xavier que deu TUDO que tinha a obra e a felicidade do próximo! Vai dizer que isso não é bonito. Se não for, você me diz o que é então!

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Lucidez

Às vezes eu tenho momentos de lucidez. E pra ser sincero, na atual fase, eles têm sido muitos. Digo da lucidez verdadeira, a espiritual, não a que nós entendemos por não embreaguez, mas por aquela que faz você descobrir a sí mesmo.

Cheguei a conclusão que "fui" consumista. Parando para analisar vejo que o consumo exagerado nada mais é do que um apelo da alma. Na verdade queremos poder, que certas coisas nas nossas vidas andem do jeito que entendemos por certo --longe do verdadeiro certo. Que minha mãe pare de me "encher a paciência", que eu consiga o emprego que quero, ou ainda que ela diga "sim" pra ir ao cinema. Mas como não conseguimos nada disso temos que sentir que temos o poder, que controlamos nossa vida. Para o ser humano não há nada pior do que a instabilidade de não saber o que vai acontecer, o próximo passo --será que vamos fechar o contrato? Será que vamos conseguir um apartamento para alugar?

Essa ânsia, se canalizada para o lugar certo, pode gerar grandes dividendos. O controle deve ser interno, mesmo por que, não controlamos nada, a não ser nós mesmos --não se iluda. Se por minha vontade, eu estaria na NBA. Mas felizmente estou onde estou e muito feliz. A lucidez, a verdadeira, nos leva além do que enxergamos com nossa ínfima visão.

Poder! Poder! Pra que se tudo já me é dado? Não preciso competir. A certeza absoluta de que "o que é do homem o bicho não come" é uma verdade dificil de ser alcançada pela maioria das pessoas. Como eu vejo pessoas batendo a cabeça, nossa! Poder sobre o outro é fácil, quero ver o auto controle na hora do aplauso, na hora da raiva. Posso exercer meu poder de inúmeras formas, domando meu ego e entendendo que existe uma "fila" e que nela, a necessidade dos outros é muito maior que a minha. Não posso reclamar que meu sapato está apertado se tem gente que não tem pé.

Essa lucidez espiritual e o auto controle são imprescindíveis para entender melhor nossa vida e o porque estamos aqui.

domingo, 25 de abril de 2010

Deepest voice

Who Am I if not a constant reminder of the push for greatness within my weaknesses and hope? I am the constant doubt of what ought to be, what is allowed or meant to happen.

In reason I shall be punished for not shutting the voice of my deepest dreams.
But not living for a dream is not worth living. But why reason, when it bears the unknown for what is might not be, and what ought to be already is...in my dreams.
May my impotency be ended together with my fears, and if worth living Your way, with pure heart I ask you to free my spirit and let me give action to Your voice -- the one that keeps me awake.

Because the voice inside of me is nothing more than your voice, thus I am the expression of your greatness in all forms, and for that no other force may imprison it, though my deepest voice is nothing more than one more of your miracles!

10/2006 - Felipe Figueira

Brisa

Brisa é loco, é lenta e é limpa,
quem não gosta de Brisa?
Leva os ventos de bondade e alegria,
que Deus te abençoe,
e que você continue pura e singela como teu nome,
que inspira meu pensar,


Se todos fossem como Brisa,
levaríamos a amizade a todos os cantos do mundo,
atravessaríamos continentes e oceanos,
bailando pelas montanhas,
nos refrescando nos riachos,
e nos aquecendo no solo abundante,
fluindo livres e sem limites,

Temos que ser como a brisa,
que nada teme e que sempre encontra uma fresta
pra que possa alcançar e refrescar,
àquele que precisa de carinho,
nessa tarde de rede e verdes,
de paisagem tranquila,
que a brisa leve toca meu rosto,
e traz o cheiro da mangueira no quintal,

Brisa ou brisa,
brinca com o botão
que brota da bromélia

mas não deixa de trazer o perfume,
que tanto preciso,
no tocar da minha pele na tua,
na maciez que me suaviza,
dentre trancos e troncos,
que tentam atravessar meu trânsito,

leva tua leveza,
aos loucos leitores,
que a beira dos lindos lagos,
leem livros de Letícia,
e que esses leigos logo possam receber,
o leve toque dos teus leves lábios.
4/2007- Felipe Figueira

Uma nova chance

Cada instante uma nova chance,
um novo milagre,
de fazer o velho ficar novo,
e fazer tudo de novo,

cada pingo d'água,
cada olhar,
cada noite em meus braços,
o desejo de te amar,

é assim que levo a vida,
sem me preocupar,
porque sei que o destino,
há de me libertar,

porque aprecio cada momento,
em sua companhia estar,
e mesmo que a folha seca o vento levar,
minha paixão com ela não irá,

pois que minha vida se abre no teu olhar,
a cada milagre que é contigo estar.
4/2007 - Felipe Figueira

A parábola da Figueira

Além da árvore da vida e da árvore do conhecimento do bem e do mal (Gn 2.9), a figueira ("...coseram folhas de figueira e fizeram cintas para si") é a única árvore do jardim do Éden mencionada pelo nome. Para mim, a menção da figueira já nas primeiras páginas da Bíblia (ao lado de inúmeras outras árvores paradisíacas criadas por Deus, cujos nomes não são citados) é uma gloriosa figura da eleição de Israel: "...o Senhor, teu Deus, te escolheu, para que lhe fosses o seu povo próprio, de todos os povos que há sobre a terra" (Dt 7.6).

Em 2 Reis 20.5-7 o Senhor diz ao Seu profeta Isaías: "Volta e dize a Ezequias, príncipe do meu povo: Assim diz o Senhor, o Deus de Davi, teu pai: Ouvi a tua oração e vi as tuas lágrimas; eis que eu te curarei; ao terceiro dia, subirás à Casa do Senhor. Acrescentarei aos teus dias quinze anos e das mãos do rei da Assíria te livrarei, a ti e a esta cidade; e defenderei esta cidade por amor de mim e por amor de Davi, meu servo. Disse mais Isaías: Tomai uma pasta de figos; tomaram-na e a puseram sobre a úlcera; e ele recuperou a saúde."

Os botânicos descrevem a figueira da seguinte maneira:

– "Tem tronco retorcido com casca clara". Em si mesmo, Israel é torto e rebelde, mas resplandece por meio de Jesus Cristo. Tive que pensar em Moisés, que em si mesmo também era "torto". Mas quando retornava do encontro com Deus, "a pele do seu rosto resplandecia" (Êx 34.29).

– "A ramada se estende em todas as direções e tem folhas com cinco pontas". Israel se tornou salvação para todos os povos. O Evangelho foi anunciado primeiramente em Jerusalém, Samaria e Judéia, mas depois, partindo de Israel (figueira), – para todas as direções, para todos os povos. Folhas com cinco pontas: cinco é o número da graça. Uma pasta de figos foi colocada sobre a parte enferma do corpo de Ezequias e ele foi curado. Jesus teve cinco ferimentos que se tornaram a salvação do mundo.


Assim, finalmente tudo converge na gloriosa promessa de Miquéias 4.4: "Mas assentar-se-á cada um debaixo da sua videira e debaixo da sua figueira, e não haverá quem os espante, porque a boca do Senhor dos Exércitos o disse" (compare também Ageu 2.19). O sentar-se debaixo da videira e da figueira é uma maravilhosa imagem de uma vida em paz assegurada. Agora ainda não é assim, mas Israel será levado a isso – no Milênio de Jesus Cristo. Já o reinado de Salomão apontou para o Milênio, onde um dia reinará paz: "Judá e Israel habitavam confiados, cada um debaixo da sua videira, e debaixo da sua figueira, desde Dã até Berseba, todos os dias de Salomão" (1 Rs 4.25). Isso se cumprirá de maneira completa quando Jesus Cristo voltar ao Seu povo como o Messias de Israel. Por isso oramos: "Maranata – vem Senhor Jesus!" (Norbert Lieth - http://www.chamada.com.br)